segunda-feira, 15 de março de 2010
o tempo
O vento brinca com a árvore na janela e tua voz vem riscar a vidraçaé tão tarde quando sussurras teus versos em rimas surreais que deslizam pelos meus sonhos junto com umas lágrimas descabidas é tão tarde para riscar peles e vidraças, até os mortos sussurram longas árias em cadencias insanas enquanto você chora em rimas perfeitas murmura histórias arcanas versos música humanas e teu corpo é tão tarde eu sussurro, os mortos mentem em línguas mortas, enquanto a tua desliza no céu da boca segredos estelares bobagens seculares, mentiras de vento e folha que eu finjo não ver nesse gozo esquecido perdido entre as frinchas da noite eu entendo tudo, ou quase tudo, de tudo que nunca entendi meus olhos ardem e te esquecem um pouco, mais fecho o livro sem pressa guardo o poema junto aos meus que dormem sozinhos teus mortos sussurram é tão tarde, o anjo desliza entre arpejos azuleja meu cinza não discuto nem arquejo ouço meio enleado o beijo.Espio pelas tiras da tua fala enluarada que despenca em poesia cansado deslindo selvas de versos me aninho nas entrelinhas. Dissimulado assalto teus olhos em meio às violentas palavras que desfiam árduas epopéias dessa lira extasiada que servem apenas para descortinar meus nadas e para sedento ter teu seio na mão, minha pele grudada na tua, a língua afinando os sonidos dessas vozes em sustenido que anseiam pelo temporal
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